quarta-feira, 29 de maio de 2013

EVOLUÇÃO DA GENÉTICA


O gene nosso de cada dia
José Renato Salatiel*


A empresa recebe o currículo de um candidato e, na internet, verifica que seu genoma apresenta traços de uma tendência para agressividade. O candidato perde a vaga. Em outro ponto da cidade, numa clínica médica, um casal "projeta" seu filho para nascer louro, de olhos azuis e, quando adulto, atingir 1,80 m de altura. "Quem sabe um Brad Pitt", dizem. A poucos quarteirões dali, num hospital público, um paciente recebe droga inibidora dos efeitos do gene do homossexualismo.

Todos estes casos são fictícios, apesar de a ciência genéticaos tornar bastante plausíveis e mesmo viáveis atualmente. Quais são os limites? Além de questões morais e religiosas que norteiam experiências de engenharia genética - principalmente as que envolvem embriões e clonagem - existe ainda o fato de o genoma não ser um retrato fiel da essência humana, determinando desde condutas sexuais até o caráter.

No último dia 9 de janeiro, nasceu o primeiro bebê britânico selecionado geneticamente para não ter o gene causador do câncer de mama e ovário. Os médicos selecionaram vários embriões com a técnica da fertilização in vitro e implantaram no útero da mãe aquele que não possuía o gene defeituoso.

Os pais são portadores do gene e, provavelmente, teriam um filho com predisposição para desenvolver um tumor. No procedimento, os óvulos foram fertilizados fora do corpo da paciente e somente o embrião sem o gene específico foi implantado no útero.

Na prática, apesar de estar livre da carga genética defeituosa, a criança não está totalmente isenta de desenvolver outros tipos de câncer, e mesmo de mama ou de ovário, devido a fatores externos ou genéticos. Mas, sem a seleção genética, a menina teria até 80% de possibilidade de ter um tumor no futuro, segundo os médicos.

Em breve, os cientistas poderão identificar qualquer uma das 15 mil doenças hereditárias existentes antes de a criança nascer, bastando para isso fazer o mapa genético da família, que descobre traços de genes causadores das doenças. Assim, poderão no futuro erradicar muitos tipos de males. Mas isso é só o começo.

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